A Escuela Guaraní Mbya, desenvolvida pelo escritório brasileiro Studio Guimarães Rosa, foi selecionada como finalista na 5ª edição do Prêmio Félix Candela, um dos maiores concursos do México. A competição refletiu sobre o conceito do "homem do milho", ou seja, o homem que retorna ao campo. O escritório propôs uma escola rural que capacita esse indivíduo a voltar ao campo. A pergunta que norteou os arquitetos foi: como retornar sem destruir? Talvez possamos aprender com os povos originários, foi a resposta encontrada.
Conheça o projeto, acompanhado do memorial enviado pelos arquitetos, a seguir:
As paredes de terra erguem-se de um solo coeso para auxiliar no sustento da estrutura esbelta da cobertura, permitindo que o vento a transpasse e que a parede de terra respire em sincronia.
A ’escola do milho’ era o objeto central do concurso. Os Guaraní Mbya são uma tribo que se consideram os guardiões desta planta ancestral, eles possuem um acervo riquíssimo de fábula e contos. Os povos originários, dão à escola seu nome para que lembremos o quão rico são suas histórias e seus saberes.
O cientista brasileiro Antônio Nobre relata sua transformação como cientista a partir do contato mais profundo com a sabedoria indígena. "Foi um exercício que abriu um campo de progressão para mim. Na verdade, algo que mudou minha carreira como cientista. Fiz uma análise crítica e comecei a observar aquela sabedoria indígena, uma sabedoria sintética transmitida por fábulas, que encanta através de suas poesias, pois não é um conhecimento frio!"
O projeto se propõe a ser responsivo às condicionantes preexistentes e criar experiências sensoriais aos usuários de modo que o contexto geográfico, histórico e cultural dos povos originários fosse honrado através desta obra.
As paredes de terra parecem ser construídas diretamente do solo. A cobertura possui uma estrutura de madeira laminada colada e telhas romanas, as quais são sustentadas por aletas metálicas que criam uma cobertura semelhante às copas das árvores, protegendo os inquilinos dos raios solares, mas sem bloqueá-los completamente. O mezanino, sustentado por pórticos e paredes de taipa de pilão, é composto por madeira laminada cruzada e tracionado por cabos metálicos. O mezanino oferece aos usuários a oportunidade de contemplar a natureza ao redor, proporcionando uma conexão espontânea com o ambiente.
Acreditamos que um bom projeto precisa ser responsivo. É necessário dedicar tempo a uma investigação minuciosa para descobrir o "Genius loci" (espírito do lugar), de forma que o projeto possa ser intencionalmente profundo e tenha como propósito proporcionar uma experiência potente aos usuários que utilizarem esses espaços.